terça-feira, 29 de julho de 2008

(Im)possível Pasárgada

Tantas vezes em nossos encontros discutimos os conceitos de autoria e também falamos sobre "citações", "diálogos", "intertextos" na literatura e na arte. Ninguém cria do nada, mas os níveis de diálogo são muito variáveis.
Uma questão do Paulo Neuman nos levou a pensar na Pasárgada de Manuel Bandeira. Na ocasião eu contei sobre os diálogos com o poema de Bandeira "Vou-me embora prá Pasárgada" em território cabo-verdiano.Cabo Verde, arquipélago marcado pela seca permanente, de onde se é forçado a partir. Neste contexto, Pasárgada ganha outros contornos... Abaixo, uma dessas "respostas" cabo-verdianas à evasão sonhada por Bandeira:


ANTI-EVASÃO

(Ovídio Martins)

"Pedirei
Suplicarei
Chorarei

Não vou para Pasárgada

Atirar-me-ei ao chão
e prenderei nas mãos convulsas
ervas e pedras de sangue

Não vou para Pasárgada

Gritarei
Berrarei
Matarei

Não vou para Pasárgada"


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Susana

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