quinta-feira, 26 de agosto de 2010

"O cortiço" - Aluísio Azevedo

Olá gente,

Posto "coisas" sobre "O cortiço"

Primeiro as epígrafes, coisa para se pensar:

“Periculum dicendi non recuso”
(Cícero)

“La Vérité, toute la vérite, rien que la vérité”
(Droit Criminel)

“Os meus honrados colegas do jornalismo, e todos esses grandes publicistas que fatigam o céu e a terra para provar que esta em que estamos é a verdadeira época de transição, esses nos dirão se a Providência andaria bem ou mal se hoje suscitasse um novo Timon da verdadeira raça das fúrias, com que as pontas viperinas do azorrague vingador, lacerasse sem piedade os crimes e os vícios que a desonram.”
(João Francisco Lisboa, Jornal de Timon, Prospecto – Obras completas,1º.volume, página 12)

“Un Oyseau qui se nomme cigale estoit en un figuier, et François tendit sa main et appella celluy oyseau, et tantost il obeyt et vint sur sa main. Et il lui deist: Chante, ma seur, et loue nostre Seigneur. Et adoncques chanta incontinent, et ne sen alla devant quelle eust congé.” — Jacques de Voragine, La Légende Dorée.


Tradução da primeira epígrafe: “Não recuso discursar sobre coisas perigosas” (Cícero)
(o atenção para o verbo “discursar”, que é tomado em relação à retórica, ou seja, discursar em púlpito, em tribuna)

Tradução da segunda epígrafe: />“A Verdade, toda a verdade, nada além da verdade” (Direito Criminal)

Contexto e Tradução da última epígrafe – o trecho corresponde a uma das vidas de santos – São Francisco de Assis no caso - narrada na Legenda áurea, por Jacques de Voragine, tradução francesa do nome do italiano Jacopo de Varazze, nascido em 1226 em Varazze, localizade próxima de Gênova. A tradução que segue é a do brasileiro Hilário Franco Júnior, responsável pela edição brasileira da obra. São Paulo: Companhia das Letras,2003)

[havia ao lado de sua cela] “uma figueira na qual uma cigarra cantava com freqüência. O homem de Deus estendeu a mão e chamou-a, dizendo: “Minha irmã cigarra, venha aqui”. Ela obedeceu imediatamente e subiu na mão de Francisco, que lhe disse: “Cante, minha irmã cigarra, e louve seu Senhor”.Ela se pôs a cantar no mesmo instante e retirou-se apenas depois de ter sido dispensada.”

Agora links legais do youtube para vocês navegarem um pouco:

"O Cortiço"
Vídeo 1:
http://www.youtube.com/watch?v=dSRMm4Ln6Hw

Cortiços, vida e arquitetura
http://www.youtube.com/watch?v=TV0D9Hr-0Pg

Fotonovela a partir do filme de 1978
http://www.youtube.com/watch?v=-7mPQ41ZdA0

E mais um bônus - a cena da sedução de Pombinha, no filme de 1978
http://www.youtube.com/watch?v=m140aYQV6GQ


Deixo também duas citações do ensaio "De cortiço a cortiço" de Antonio Candido (In "O discurso e a cidade"):

“[...] o que há n´O cortiço são formas primitivas de amealhamento, a partir de muito pouco ou quase nada, exigindo uma espécie de rigoroso ascetismo inicial e a aceitação de modalidades diretas e brutais de exploração, incluindo o furto como forma de ganho e a transformação da mulher escrava em companheira-máquina”


“A perspectiva naturalista ajuda a compreender o mecanismo d´O cortiço, porque o mecanismo do cortiço nele descrito é regido por um determinismo estrito, que mostra a natureza (meio) condicionando o grupo (raça) e ambos definindo as relações humanas na habitação coletiva”

Até a próxima postagem!
Susana

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